sábado, 15 de janeiro de 2011

O valor real das coisas



Nos filmes de Jorge Furtado (diretor bacana e cara idem) há sempre uma cena sobre o valor real das coisas, o valor real do vil metal. Em Saneamento Básico, a personagem de Camila Pitanga vai usar um vestido de 300 reais e alguém diz: “com 300 reais, dá pra comprar x tijolos, x sacos de cimento”. É isso que ando fazendo, obsessivamente.

Depois de uns dois anos de uso, a fonte de energia do meu notebook HP Pavillion dv4-1125br morreu, não sem antes dar alguns avisos. Fui atrás de uma nova e fiquei perplexo diante do valor: 270 reais. E as tais fontes de energia universais (190 paus) não servem pro meu note HP, precisa ser o modelo original da fábrica. Como assim? Um simples cabo pra ligar o computador à luz custa praticamente meio salário mínimo (e do novo que ainda nem tá em vigor). Há algo errado, muito do errado, na ordem mundial, só pode.

Na mesma semana, resolvi me presentear com uma caixa luxuosa com 14 DVDs de Alfred Hitchcock. Preço do mimo: 299 reais. Quer dizer, 14 filmes do mestre do suspense, luxuosamente empacotados, praticamente pelo preço de um fio pra ligar o computador à luz. Há algo errado, muito do errado, na ordem mundial, só pode.

Meu carro, velho e com pouco uso, teve alguns problemas pra enfrentar a inspeção ambiental da prefeitura paulistana (pq não fazem também uma inspeção contra enchentes eu não sei e nem cabe isso aqui). Bom, precisei leva-lo no mecânico para trocar velas, fazer limpeza de bico e trocar o escapamento – um monte de troços pra mim que entendo porranenhuma de mecânica. Custo da farra: 700 reais. Sim, uma fortuna, mas o equivalente a pouco mais de dois simples cabos para ligar o notebook à luz. Há algo errado, muito do errado, na ordem mundial, só pode.

Com a desgraça das enchentes, dia desses chorei tanto diante da televisão e me senti tão desolado que acabei sentando em cima do óculos de leitura que se partiu e uma simples gota de cola poderia torná-lo usável outra vez. Recorri a SuperBonder, mas sou desajeitado e não deu certo. Ok, vamos a ótica, a mesma que freqüento há trocentos anos. “Ah, é só soldar”, me diz a simpática atendente. Oba, eu disse. Mas sabe quanto é uma simples solda: 30 reais, o equivalente a duas entradas inteiras de cinema ou quatro meias. E não era uma solda de ouro não. Ficou pra consertar não, deixei bem claro que achava aquele preço extorsivo, fiz cara de violentado e me mandei.

Dinheiro não nasce em árvore, ouço desde sempre. Sim, não nasce em árvore e tem que se dar duro pra conseguí-lo. Mas certas empresas, como a conceituadíssima Hewlett Packard, carinhosamente apelidada de HP, parecem ter encontrado a fórmula da extorsão legal e consentida. Já que não posso fazer nada, dedico a elas meu ódio eterno e continuo firme na tentativa de descobrir o valor real das coisas. Há algo errado, muito do errado, na ordem mundial, só pode.

Um comentário:

MMR disse...

Oi. Já resolveu o problema da fonte? Tive problema parecido e resolvi com este fornecedor. O preço dele para sua fonte é bem melhor. Abraço, Márcia (@marciamr) http://www.mfeletrodigital.com.br/ecommerce_site/categoria_1975-1981_5232_Fonte-Notebook--Fonte-Hp

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